A pandemia teve um contributo decisivo na mudança de mentalidades das pessoas no que toca às ferramentas digitais, também na saúde. A ideia foi defendida pelo Presidente do Conselho de Administração da SPMS, Luís Goes Pinheiro, na conferência “Parar para Pensar: Saúde”, promovida pelo Expresso com o apoio da Deco Proteste, realizada a 6 de julho com transmissão no Facebook do Jornal.
Com o objetivo de debater temas estruturantes no pós-pandemia, a 5ª de um ciclo de conferências contou com a participação de vários especialistas centrando-se nas principais questões e medidas relacionadas com o investimento, a sustentabilidade e a importância do SNS na promoção e proteção da saúde dos portugueses.
O dirigente da SPMS respondeu às questões da jornalista Marta Atalaya, realçando que a tecnologia é hoje um instrumento absolutamente fundamental da prestação de cuidados de saúde e a pandemia teve um contributo decisivo na mudança de mentalidade das pessoas. “Hoje, quer os utentes, quer os profissionais de saúde reclamam soluções digitais e estão muito mais familiarizados com a sua utilização”, salientou o dirigente, acrescentando que “passou também a haver da parte dos profissionais, e muito bem, uma exigência muito maior sobre os sistemas de informação.”
SNS 24 hoje atende o triplo das pessoas
A conversa passou pela capacidade de se encontrar soluções eficazes e de grande inovação em tempos de elevada exigência, sendo um bom exemplo o SNS 24. Na pandemia “aprendemos, desde logo, que mais do mesmo não era a solução.” Hoje, as pessoas recorrem cada vez mais à linha, com questões para além da covid-19, e são atendidas cerca de 15 mil chamadas por dia, quando na pré-pandemia eram atendidas 5 mil.
O tema dos investimentos feitos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente na transformação digital da saúde, foi abordado e Luís Goes Pinheiro destacou a área dos cuidados de saúde primários como prioritária, por exemplo na base da melhoria de instrumentos de trabalho e em ferramentas inovadoras que vão agilizar processos e acelerar bastante a resposta ao cidadão.
“Não há uma guerra entre o setor privado e o setor público. O que há é o cidadão que está no centro e que precisa de cuidados de saúde”, esclareceu o dirigente, reforçando que “é preciso é servir as pessoas da melhor maneira possível, com a melhor qualidade possível”, dando como exemplo os meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDTs) requisitados, na sua maioria, nos cuidados de saúde primários do setor público, mas depois o cidadão vai realizar esses exames no setor convencionado. “Esta complementaridade entre setores é crucial para a prestação de cuidados de saúde.”
No debate, que contou também com as opiniões de Bruno Maia, médico especialista em Neurologia e Medicina Intensiva, André Peralta Santos, especialista em Saúde Pública e ex-dirigente da DGS, Guilherme Monteiro Ferreira, diretor de acesso ao mercado e assuntos externos, GSK, e Sónia Dias, diretora da Escola Nacional de Saúde, Luís Goes Pinheiro defendeu, na sua última intervenção, que “a saúde do futuro vai ser assente nos dados”.