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Como combater as Fake News na Saúde?

Vivemos uma “infodemia” de notícias falsas, que ameaça a segurança e a saúde dos cidadãos. Os profissionais da Saúde têm, por isso, responsabilidades acrescidas. Seja um agente de combate à desinformação.

Nos últimos anos verificou-se um aumento notável da partilha de fake news. A pandemia despertou este fenómeno, alavancando a partilha de conteúdos falsos, manipuladores ou enganadores sobre a covid-19 nas redes sociais. Uma “infodemia”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Neste período, a sobrecarga de informações erradas, que foram criadas ou divulgadas de forma não intencional, e informações falsas, criadas deliberadamente com o objetivo de causar danos, desencadearam incertezas e insegurança na população.

O aumento da desinformação e o seu impacto na esfera pública conduziram ao desenvolvimento de novas práticas jornalísticas. Essenciais no combate às informações falsas, os jornalistas tornam-se agentes de saúde pública e surgiram as organizações de fact-checking, que têm o objetivo de verificar os factos.

Controlar as fake news é crucial para promover uma sociedade informada, aumentar a literacia em saúde entre os cidadãos e, consequentemente, fortalecer a confiança nas informações disponibilizadas pelas entidades e profissionais de Saúde.

Os profissionais da área da saúde devem fornecer informações corretas, esclarecendo dúvidas, orientando os cidadãos na tomada de decisão informada e auxiliando-os na adoção de comportamentos adequados.

Técnicas de combate à desinformação

Num universo de desinformação, partilhamos algumas dicas. Sugerimos que também as partilhe.

Verificação de fontes
Avaliar a credibilidade da fonte, verificando a reputação do veículo de comunicação, através da consulta de fontes de informação oficiais, como portais de internet de instituições de saúde. Conferir se os conteúdos apresentados são verdadeiros.

Utilidade da informação
Analisar a utilidade da partilha da informação, isto é, se vai ajudar os cidadãos na tomada de decisão ou apenas vai despertar incertezas.

Validade da informação
Verificar se a informação é recente, se está atualizada ou se já existem novas informações sobre o tema.

Sensacionalismo
Investigar e esclarecer a credibilidade da informação com outros profissionais, através da análise de estudos credíveis, mesmo que a informação seja maciçamente veiculada nos meios de comunicação social.

Esclarecer dúvidas
Identificar dúvidas, receios e anseios dos doentes e das suas famílias e cuidadores. Fornecer informações fundamentadas e orientadas de acordo com o perfil e necessidades de cada pessoa.

Como identificar “notícias falsas”

Para os utentes, partilhamos uma bússola para que possam “navegar no oceano da informação e encontrar o seu caminho num mar de mentiras e de desinformação”. Partilhe.

Como identificar notícias falsas_EPRS_Parlamento Europeu
Figura 1: “Como identificar notícias falsas”[1]

Exemplos de fake news da Saúde em Portugal

Portugal não é exceção e diariamente circulam informações falsas ou pouco fidedignas nos meios de comunicação social. São exemplo de fake news os seguintes casos, que levaram a desmentidos da Direção-Geral da Saúde (DGS) e que teriam sido facilmente detetáveis através de consulta ao portal de internet oficial.

Exemplo 1: “DGS pede para fecharem vidros dos carros na A28”.

DGS pede para fecharem vidros dos Carros na A28
Figura 2: Reportagem SIC “Surto de legionella no Norte”, transmitida no dia 10 de novembro de 2020.

A 10 de novembro de 2020, a SIC transmitiu uma reportagem sobre um surto de legionella que infetou várias pessoas na região norte de Portugal, junto à autoestrada A28. Em entrevista, uma investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto sugeriu que se fechassem os vidros ao passar nessa região. Naquele momento, um rodapé atribuiu erradamente a declaração a Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde nesse período. Uma captura de ecrã foi amplamente partilhada nas redes sociais. No mesmo dia, a DGS publicou nas sua redes sociais um desmentido sobre esta notícia falsa.

Exemplo 2: Quem recusar vacina contra a Covid-19 perde “direitos e assistência como utente do SNS”?

Grupo Vacinas Covid-19- Testemunhos
Figura 3: Publicação na rede social Facebook, no grupo “Vacinas Covid-19: Testemunhos”, em junho de 2021.

No grupo “Vacinas Covid-19: Testemunhos”, criado na rede social Facebook, foi publicada e bastante divulgada uma captura de ecrã que alegava que quem não fosse vacinado contra a Covid-19 iria perder todos os direitos enquanto utente do Serviço Nacional de Saúde. Numa análise mais profunda, é possível verificar que na Norma 002/2021 da DGS, no ponto 20, a alínea b) estabelece que “a vacinação contra a Covid-19 é fortemente recomendada para a proteção da Saúde Pública e para o controlo da pandemia Covid-19” e a alínea c) que a “vacinação contra a COVID-19 é voluntária”.

A partilha de informação correta é essencial para que os cidadãos adotem comportamentos seguros. É fundamental alertar para a necessidade de análise e verificação da informação antes de partilhar. As instituições e os profissionais da Saúde devem, pois, sensibilizar os cidadãos sobre os riscos, o impacto negativo e como identificar fake news.


[1] Parlamento Europeu (2019), Como identificar «notícias falsas». Disponível em https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/ATAG/2017/599386/EPRS_ATA(2017)599386_PT.pdf.

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