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TI apoiam tratamento da pessoa com Tuberculose | Cristina Freitas

O recurso às tecnologias de informação em saúde, como a plataforma RSE LIVE para realização de teleconsultas em tempo real, tornou o CDP Valongo mais eficiente e centrado na pessoa doente com Tuberculose.

A Tuberculose continua a ser uma das causas mais comuns de morte por doença infeciosa em todo o mundo, pelo que as soluções tecnológicas digitais oferecem uma contribuição importante para a melhoria do tratamento, facilitando a adesão à Toma de Observação Direta (TOD), a sua monitorização e o fornecimento de informações e educação sobre a doença.

Atualmente, o tratamento desta doença na região norte de Portugal segue as recomendações internacionais (Organização Mundial da Saúde) e nacionais (Programa Nacional para a Tuberculose) e é feito sob o regime de Toma de Observação Direta (TOD). Aqui, realiza-se uma vez por dia, na unidade de saúde mais acessível ao doente, ou no domicílio, no caso de doentes em fase de contágio (bacilíferos) ou fisicamente incapazes para se deslocarem à unidade de saúde (DGS 1995; 2016).

Redução de visitas domiciliárias e deslocações dos utentes

O recurso às tecnologias de informação em saúde, como a plataforma RSE LIVE para realização de teleconsultas em tempo real, tornou o Centro de Diagnóstico Pneumológico (CDP) de Valongo mais eficiente e centrado no utente, satisfazendo uma parte significativa das necessidades da pessoa doente com Tuberculose. A utilização desta ferramenta tecnológica permite manter os cuidados de saúde ao doente, quando surge a necessidade de redução de visitas domiciliárias por parte do profissional de saúde, assim como a redução das idas do doente à sua Unidade de Saúde Familiar, durante o tratamento diário.

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Através da teleconsulta, pessoas com mobilidade reduzida, ou que vivem em locais mais isolados, geograficamente, podem ter acesso a cuidados de saúde que, sem a teleconsulta, seria mais difícil ter. Para além disto com esta ferramenta, conseguimos aumentar a adesão ao tratamento e diminuir os riscos associados a uma doença desta envergadura, como o risco de contágio, os estigmas, a deficiência económica, entre outros.

A Tuberculose ainda é uma doença com grande estigma e preconceitos sociais que trazem consequências para o doente e sua família. Muitas vezes, esses efeitos são tão nocivos, que podem levar os doentes a abandonar os tratamentos, por se sentirem discriminados e envergonhados. Com a teleconsulta, o profissional de saúde ajuda a diminuir a “exposição” do doente, o que vai aumentar a adesão à TOD (toma de observação direta) e fomentar a realização do tratamento. A redução das visitas domiciliárias e deslocação dos doentes também facilita e beneficia a gestão de recursos humanos, materiais, económicos e temporais das organizações de saúde, resultando num ganho em saúde para todos (Win/Win).

Desenho da plataforma facilitador da sua utilização

Na minha perspetiva, como Interlocutora da Tuberculose e durante a aplicabilidade da RSE LIVE no CDP Valongo, pude constatar que a plataforma se encontra desenhada de forma facilitadora à sua utilização, independentemente de quem a manuseia. Esta unidade funcional teve a experiência positiva de utilizar a Teleconsulta com utentes com baixo nível de escolaridade (analfabetos), tendo sido exequível a realização de TELETOD durante nove meses, com garante da adesão de forma ininterrupta e até ao final do tratamento. Estes utentes conseguiram facilmente ultrapassar as dificuldades na compreensão e manuseamento desta ferramenta.

A Telessaúde tem vindo a ser reconhecida como uma oportunidade para fazer face aos grandes desafios na promoção da saúde e na prestação de cuidados e torna-se imperativo que os profissionais de saúde mudem o seu paradigma e aumentem a utilização das novas tecnologias na saúde em geral e, em particular, na Tuberculose. No meu ponto de vista, as teleconsultas, além de favorecerem a transposição de barreiras geográficas e um acompanhamento mais próximo do utente, como já referido anteriormente, facilitam a partilha de informação e melhoram a articulação entre os vários parceiros / especialidades na área da Tuberculose.

Aumento da literacia digital dos profissionais potenciaria a Telessaúde

Na minha opinião, uma das melhorias necessárias para o aumento da literacia digital passa pela aposta no investimento na educação em Telessaúde. Enfermeiros e outros profissionais de saúde continuam a sair das instituições de ensino com poucas competências para trabalhar com a saúde digital, o que pode impactar na experiência dos utilizadores em geral e no crescimento eficiente da saúde digital em Portugal.

O aumento da literacia digital dos profissionais de saúde pode potenciar a utilização dessas mesmas tecnologias por parte dos doentes, das suas famílias e cuidadores, promovendo desta forma a segurança, eficácia e eficiência na promoção da saúde e na prestação dos cuidados.

A evidência mostra-nos que, quando os profissionais de saúde englobam os doentes nos cuidados e tratam-nos como parceiros na prestação dos cuidados de saúde, ganhos significativos são obtidos.

Cristina Freitas, Enfermeira Especialista em Saúde Comunitária e Interlocutora do CDP Valongo

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