Boas Práticas Saúde

A telessaúde tem de crescer obrigatoriamente

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O “Dia Digital e Telessaúde”, promovido pela Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro, no dia 24 de julho, com o apoio da SPMS, foi um espaço de aprendizagem e partilha de boas práticas. Foi uma iniciativa inédita, que poderá ser replicada noutras Unidades Locais de Saúde.

O Centro Hospitalar do Baixo Vouga, agora Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro (ULSRA), foi pioneiro em telessaúde ao integrar a primeira fase do programa Aveiro Cidade Digital (1998-2002), em parceria com a Universidade de Aveiro e o Centro de Estudos de Telecomunicações, atual Altice Labs. Isto permitiu desenvolver soluções inovadoras que têm contribuído para a articulação entre os diferentes prestadores de cuidados.

Atualmente, o desenvolvimento de soluções tecnológicas permite o acesso do cidadão a respostas mais ágeis e atempadas. Tal ocorre através de serviços de telessaúde, nos quais a telemedicina e os telecuidados desempenham um papel preponderante.

Contudo, há ainda algum grau de desinformação entre os profissionais de saúde, no que concerne aos serviços de telemedicina, principalmente por se assumir a iliteracia digital do cidadão.

Importância crescente dos dados em saúde

Cada vez mais, os serviços de saúde têm de “sair de portas” e apostar no combate à iliteracia na saúde, bem como interagir de forma estreita com os diferentes grupos profissionais, responsáveis por promover a saúde e combater a doença.

Com o Espaço Europeu de Dados de Saúde, que facilitará os cuidados transfronteiriços, esta interação é bastante importante. Pela sua magnitude, será um desafio complexo e tornará o acesso e a qualidade dos dados ainda mais relevante.

Por outro lado, a aposta na estratificação da população pelo risco, de forma a criar um sistema de saúde proativo e baseado em necessidades futuras da população, ao invés de reativo à doença, só poderá ser implementado através da criação de um sistema. Um sistema em que os dados de saúde, de forma estruturada, circulem de forma a permitir a sua utilização por todos, através da criação de uma ontologia de dados. Não nos esquecemos, também, da segurança dos dados. 


“Dia Digital e Telessaúde” para todos os profissionais

Por tudo isto, consideramos que, com a criação do modelo Unidade Local de Saúde, seria importante envolver todos os profissionais neste novo paradigma organizacional, com a consolidação de conhecimento sobre os dados em saúde e promoção da sua competência digital.

Os profissionais dos serviços de informática devem ser englobados nos novos desafios. Com eles mantemos, desde há muito, uma relação de verdadeira partilha e respeito mútuo, de modo que diferentes linguagens (médica e informática) se encontrem no desenho e resolução dos problemas.

A Comissão Local de Informatização Clínica (CLIC) tem mantido uma estreita ligação com o serviço de informática e análise de sistemas. E foi com esta abordagem interdisciplinar que planeámos o “Dia Digital e Telessaúde”, centrado em temas cruciais para a modernização dos serviços de saúde, tais como:​

  • Transformação Digital na Saúde: Estratégias e ferramentas para a implementação eficaz da telessaúde;
  • Inovações Tecnológicas: Apresentação de novas soluções digitais que estão a melhorar a qualidade dos cuidados aos utentes;​
  • Serviços digitais:Interação e prestação de cuidados de saúde à distância, onde quer que o utente esteja.​

Envolver o doente para criar valor

Pensamos que estas iniciativas terão valor acrescentado se também envolvermos os doentes. Assim, alocámos tempo e recursos para dinamizar uma ação de sensibilização, com vista à criação da Chave Móvel Digital, inscrição na App MyULSRA e divulgação dos serviços do SNS 24, bem como a promoção do contacto com dispositivos utilizados em programas de telemonitorização.

Com o “Dia Digital e Telessaúde” esperamos conseguir sensibilizar, ainda mais, os profissionais de saúde para a implementação dos canais digitais de prestação de cuidados. Temos ainda a expectativa de que possam surgir novas ideias para programas de telemonitorização e de fomentar a partilha entre grupos profissionais, nomeadamente na continuidade de cuidados.

É neste contexto que almejamos a integração de cuidados e a valorização dos percursos dos utentes no Serviço Nacional de Saúde. A telessaúde tem de crescer obrigatoriamente.


Boas práticas para lidar com desafios

O digital não funciona sem a rede humana. Neste sentido, as parcerias interdisciplinares dentro e fora das instituições são fundamentais para a promoção da partilha de ideias e experiências. Uma estratégia eficaz é, por exemplo, promover a integração interprofissional. Facilitar a comunicação, a compreensão e a partilha de informações entre profissionais de saúde, sistemas de informação e outras áreas são, também, práticas estratégicas para lidar com desafios futuros.

Acredito que a aposta em literacia digital em saúde deve começar nas crianças. E, por isso, lançámos a coleção “Clipe da Saúde”, que vai no segundo volume, Livro_ABC dos micróbios_. O caminho faz-se caminhando!

Parceria estratégica com a SPMS

Não podemos deixar de referir a estreita parceria que temos tido ao longo do tempo com a SPMS, que esteve sempre pronta a acolher novos desafios e soluções.

Assim, consideramos que este modelo de iniciativa, no qual os serviços de informática desempenham um papel relevante, poderá ser replicado noutras Unidades Locais de Saúde, com interação entre os profissionais de saúde, os doentes e os cuidadores.

Podem ter a certeza de que, na SPMS, encontrarão uma instituição sempre aberta a este tipo de propostas. Há que investir na telessaúde!

José António Santos, Médico, Coordenador da CLIC e Promotor Interno de Telessaúde da ULSRA

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